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Teste seu nível de estresse e saiba como é possível reduzir sintomas por meio de dieta

Com a saúde mental abalada pela pandemia, mais pessoas têm procurado ajuda médica. Profissionais da saúde explicam como o estudo da microbiota intestinal do indivíduo tem ajudado no tratamento.

mulher na frente do computador estressada

Quem procura ajuda profissional com a saúde mental abalada tem relatado a médicos e psicólogos sintomas como alterações do apetite, perda de memória, dificuldades para dormir, desânimo para realizar atividades que antes gostava, palpitação, crises de enxaqueca e ansiedade e, eventualmente, sintomas gastrointestinais, como refluxo e gastrite. Os casos vêm aumentando no último ano e refletem, em sua maioria, implicações da pandemia.


“Estamos tendo de lidar com mudanças bruscas na rotina; com um vírus desconhecido que traz o medo de perder alguém querido e incertezas em relação ao futuro. Todas essas questões podem aumentar o nível de estresse”, explica Vanessa Marques Ferreira, especialista em neuropsicologia e psicóloga do Centro de Medicina e Reabilitação Lucy Montoro Santos (SP).

O neurologista Thiago Junqueira, membro titular da Academia Brasileira de Neurologia, também viu aumentar o número de pacientes que o procuram com carga de estresse relacionada à pandemia.


“Neste segundo ano, as pessoas estão perdendo a força e o estímulo para se manter resilientes diante de dificuldades sobre o que podem ou não fazer e da insegurança financeira”.

Tanto ele quanto a psicóloga Vanessa costumam aplicar, nesses casos, um questionário de autoavaliação chamado Escala de Estresse Percebido (PSS, na sigla em inglês). Esse costuma ser o primeiro passo para identificarem o tipo de tratamento adequado para cada pessoa. A PSS é um dos instrumentos utilizados para avaliar a percepção do estresse, tendo sido validada em mais de 20 países desde sua criação, no inícios dos anos 1980.


O teste pode ser feito gratuitamente por meio do link para o curso online “Saúde Mental em tempos de pandemia”, ministrado pelos dois profissionais e disponível no portal Esclerose Múltipla Brasil, após um cadastro que requer nome, e-mail e senha. Ao todo, são dez questões que dizem respeito, entre outras situações corriqueiras, à frequência com que a pessoa tem se sentido aborrecida, incapaz, nervosa e confiante.

 

Como interpretar o teste


A psicóloga explica que a escala tem pontuação máxima de 40 pontos e o resultado precisa ser interpretado de acordo com a pontuação média padrão obtida a partir de estudos para cada faixa etária, que é informada ao final do teste. Se a pontuação da pessoa for inferior ou semelhante à média da do seu grupo de idade, os sintomas relatados são considerados normais. Quando passa da média, observa Vanessa, é um estado que merece atenção e pode indicar a necessidade de buscar ajuda profissional.

“Não é uma escala diagnóstica. É um termômetro de como a pessoa está naquele momento e, a partir dali, o profissional da saúde pode pensar em estratégias para amenizar o impacto que aqueles sintomas trazem para a vida dela”, diz Vanessa.
 

Redução do estresse por meio de dieta


Desde meados dos anos 2000, com o avanço de pesquisas relacionadas à microbiota intestinal - que é o conjunto de bactérias, vírus e fungos que compõem o organismo - muitos estudos vêm demonstrando como as alterações dessas populações no corpo humano relacionam-se com as respostas do sistema nervoso, sistema endócrino e sistema imune, ressalta o neurologista Thiago Junqueira. Para abranger esses conhecimentos, o médico, que também possui pós-graduação em Nutrologia, costuma incluir exames relacionados ao microbioma intestinal como apoio-diagnóstico em seus atendimentos.


A microbiota intestinal é composta por inúmeros microrganismos que podem conviver com o ser humano sem causar qualquer tipo de doença ou malefício ao bem-estar. Pelo contrário, auxiliam desde o nascimento à manutenção de funções fisiológicas. A busca pelo equilíbrio dessa relação é uma das metas para uma vida mais saudável.


Uma das formas de modular sua composição em benefício à saúde é alterando a dieta.

“Uma dieta que consiste em alimentos altamente processados tem sido associada a menor diversidade de microrganismos intestinais. Essa dieta não saudável impede que os grupos bacterianos benéficos se desenvolvam no nosso intestino. Logo, uma microbiota intestinal saudável e equilibrada resulta em um desempenho normal das funções fisiológicas”, explica a bióloga Laís Eiko Yamanaka, que é pesquisadora e responsável técnica na startup de biotecnologia BiomeHub, que desenvolveu teste capaz de ajudar profissionais da saúde a conhecer quais bactérias estão colonizando o intestino de cada indivíduo.


pessoa segurando um pote com frutas

O exame vem sendo usado pelo neurologista Thiago para identificar a melhor dieta para pacientes que chegam em seu consultório com sintomas neurológicos, gastrointestinais e altos níveis de estresse: “O eixo intestino-cérebro é uma grande via de mão dupla. Estamos constantemente imprimindo um certo estímulo para o tubo digestivo, que vem do nosso sistema nervoso autônomo, ao passo que o padrão alimentar impacta na microbiota e, logo, no sistema nervoso”. Por isso, explica, controlar esses sintomas de estresse passa por uma avaliação do intestino a fim de verificar a presença de bactérias benéficas, identificar as que estão faltando e corrigir por meio de dieta.


exame / teste de identificação da microbiota intestinal.

O exame usado por Thiago no apoio a esse diagnóstico é realizado por meio da coleta de fezes. “Essa fotografia precisa e ampla da saúde do intestino é feita através da combinação do sequenciamento genético de DNA, aliado a análises de bioinformática. É um método que traz informações que não podem ser acessadas pelos exames laboratoriais, convencionais de fezes”, explica Luiz Felipe Valter de Oliveira, CEO da startup BiomeHub e doutor em Genética e Biologia Molecular.


Segundo o CEO, essa análise permite a identificação das bactérias que compõem a microbiota do indivíduo.



“Dessa forma, os resultados obtidos servem como um apoio ao diagnóstico para o profissional da saúde, possibilitando que seja adotada uma conduta médica e nutricional precisa e individualizada para cada paciente”, complementa Oliveira.

 

Fontes:


Dr. Thiago F. Junqueira, MD, Phd. Neurologista, Doutor e Ciências pela FMUSP, Pós graduação em Neuroimunologia pelo HCFMUSP e Nutrologia pela ABRAN. Professor do Curso de Medicina da Escola Bahiana de Medicina.


Dra. Vanessa Marques Ferreira Jorge

Psicóloga do Centro de Medicina e Reabilitação Lucy Montoro Santos. Especialista em psicologia hospitalar pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP) e pós-graduanda em Neuropsicologia pelo Centro de Estudos em Psicologia da Saúde (CEPSIC)


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