Entenda o que você deve levar em consideração ao prescrever probióticos para seus pacientes.
Por Sabrina Reis
Nutricionista, PhD e Especialista de Produto na BiomeHub.
Neste postblog será abordado:
Por que ficar atento aos protocolos de modulação intestinal com probióticos?
A aplicação de protocolos tem se tornado uma prática comum em diversas áreas da saúde, incluindo a modulação intestinal. Os probióticos são frequentemente considerados soluções milagrosas para problemas intestinais, devido aos possíveis efeitos benéficos na saúde da microbiota. Contudo, a aplicação indiscriminada de protocolos que envolvem o uso de probióticos pode ser inadequada e, em alguns casos, prejudicial.
Nem todos os pacientes se beneficiarão da mesma abordagem, especialmente quando se trata de algo tão complexo e individualizado como a microbiota intestinal.
Abaixo, destacamos as principais razões para evitar o uso generalizado de protocolos com probióticos e a importância da individualização na modulação intestinal.
Cada paciente tem uma microbiota única
A microbiota intestinal é altamente individualizada, influenciada por fatores como genética, idade, dieta, estilo de vida, histórico de doenças e uso de medicamentos (como antibióticos). Aplicar um protocolo genérico com probióticos desconsidera essas variações e pode não atender às necessidades específicas de um paciente, podendo até prejudicar o seu equilíbrio intestinal.
Veja também: O que é microbiota intestinal?
Nem todos os pacientes apresentam a mesma causa para disfunções intestinais
Problemas intestinais podem ter múltiplas causas:
Fatores alimentares: dietas inadequadas; intolerâncias alimentares, baixa ingestão de água;
Infecções intestinais: por bactérias, vírus, parasitas;
Fatores psicológicos: depressão, estresse, ansiedade;
Uso excessivo de medicamentos: antiácidos, antibióticos, laxantes;
Doenças ou condições crônicas: síndrome do intestino irritável, doença inflamatória intestinal, doença celíaca, câncer colorretal;
Um protocolo de modulação intestinal não aborda necessariamente a causa-raiz do problema de cada paciente. Por exemplo, enquanto um paciente pode se beneficiar de probióticos, outro pode precisar inicialmente ajustar a dieta ou suporte enzimático antes de qualquer intervenção probiótica.
Nem todos os probióticos são iguais
Os probióticos variam amplamente em espécies, cepas e dosagens. Cada cepa tem propriedades específicas e efeitos diferentes no organismo. Aplicar um protocolo genérico não leva em consideração:
As condições intestinais específicas do paciente;
A cepa indicada para o objetivo do tratamento (melhora do trânsito intestinal, redução de inflamação, fortalecimento do sistema imunológico, etc.);
O efeito das cepas na microbiota existente;
Probióticos utilizados de forma inadequada podem ser ineficazes ou até mesmo prejudiciais, exacerbando desequilíbrios ou inflamações. Por este motivo, conhecer a cepa da bactéria é importante na hora de escolher o probiótico para cada paciente.
Riscos de aplicação inadequada
O uso indiscriminado de probióticos pode trazer riscos como:
Supercrescimento bacteriano: em pacientes com SIBO, os probióticos podem aumentar a população bacteriana no intestino delgado, agravando sintomas como gases, distensão abdominal e diarreia;
Risco de infecções oportunistas: pacientes imunocomprometidos podem desenvolver infecções graves;
Ausência de resultados: a escolha de cepas ou dosagens inadequadas pode levar à falta de eficácia terapêutica, frustrando o paciente e comprometendo sua adesão ao tratamento;
A importância do diagnóstico preciso
A aplicação de protocolos de modulação intestinal negligencia a necessidade de exames adequados, como:
Avaliação da microbiota intestinal (Ver exame);
Testes para intolerâncias alimentares ou alergias;
Investigação de parasitas ou infecções;
Testes respiratórios;
Esses exames são cruciais para determinar quais intervenções são realmente necessárias.
Veja também: Como é feito o exame de microbiota?
A relação entre estilo de vida e saúde intestinal
O uso de probióticos não substitui intervenções fundamentais como:
Personalização da dieta: redução de ultraprocessados, aumento de fibras e introdução de alimentos naturais e variados de acordo com as preferências do paciente;
Controle do estresse e ansiedade: o eixo intestino-cérebro é diretamente afetado por níveis elevados de estresse;
Sono adequado e exercício físico: esses fatores também influenciam a microbiota e a saúde intestinal;
Como prescrever probióticos de forma responsável?
Avaliação individualizada: realize uma anamnese detalhada e, quando necessário, solicite exames laboratoriais para entender as necessidades específicas do paciente;
Personalize as intervenções: baseie-se em evidências científicas para selecionar as cepas e as dosagens adequadas que atendam às necessidades específicas do paciente;
Monitore os resultados: avalie regularmente os efeitos do tratamento e ajuste conforme necessário;
Integre o tratamento a outras intervenções: Combine o uso de probióticos com ajustes alimentares, técnicas de manejo do estresse e outras estratégias personalizadas;
Embora os probióticos tenham um papel importante na modulação intestinal, sua aplicação não deve ser feita de forma genérica. Cada paciente tem necessidades únicas, e um atendimento eficaz requer personalização baseada em diagnóstico preciso e em uma abordagem integrada. Por isso, é fundamental o acompanhamento de um profissional de saúde atualizado para adaptar as estratégias de cada paciente com precisão.
O efeito das cepas probióticas na microbiota intestinal pode ser consultado no Guia de probióticos para modulação da microbiota intestinal. Essas informações podem então ser correlacionadas com os dados clínicos e da microbiota intestinal auxiliando na conduta personalizada dos pacientes.
Procure o seu médico ou nutricionista e converse sobre como os exames de microbioma podem ajudar a cuidar da sua saúde de forma mais individualizada.