As arqueias são microrganismos muito comuns na microbiota intestinal. Elas pertencem a um domínio próprio (Archaea) e possuem um metabolismo único sendo relacionadas à constipação e a SII. Mas o que exatamente elas fazem e por que são importantes para a nossa saúde? Vamos explorar essas questões neste post.
Por Sabrina Reis
Nutricionista, PhD e Especialista de Produto na BiomeHub.
Neste post blog será abordado:
O que são arqueias?
As arqueias são microrganismos unicelulares procariontes que possuem características semelhantes tanto de bactérias quanto de eucariotos. Elas se destacam por sua capacidade de viver em ambientes extremos, como solo, sedimentos de água doce e marinhos e também no intestino humano.
Por muito tempo, as arqueias foram classificadas como bactérias. No entanto, estudos de genética molecular revelaram diferenças significativas demonstrando que as arqueias formam um domínio completamente distinto dos outros organismos vivos.
Embora compartilhem algumas semelhanças estruturais com as bactérias, como a ausência de núcleo definido, as arqueias não possuem parede celular de peptidoglicano e apresentam mecanismos distintos para a produção de energia.
Arqueias no intestino humano
Embora a microbiota intestinal seja predominantemente composta por bactérias, um pequeno grupo de arqueias (aproximadamente 1-2%) também faz parte desse ecossistema. Elas são encontradas principalmente no intestino grosso. As principais arqueias identificadas no intestino humano são Methanobrevibacter smithii e Methanosphaera stadmanae.
São características das arqueias no intestino:
Produção de Metano: as arqueias tem um metabolismo único, a metanogênese. Elas consomem os produtos da fermentação bacteriana, por exemplo hidrogênio e dióxido de carbono, para produzir gás metano. A produção de metano pode reduzir a motilidade intestinal e estar associada a quadros de constipação crônica.
Resistência a antibióticos: as arqueias são insensíveis à maioria dos antibióticos usados na saúde humana, muitas vezes tornando os tratamentos comuns ineficazes. Isso ocorre, principalmente devido à composição de sua membrana e parede celular, mas também à sua especificidade em seu metabolismo de DNA/RNA.
Relevância clínica: a proporção elevada de arqueias, sugerida como Supercrescimento Metanogênico Intestinal (com a sigla em inglês “IMO”), pode ocasionar a redução do peristaltismo. A diferenciação entre IMO e outras disfunções intestinais, como o supercrescimento bacteriano do intestino delgado (SIBO), é fundamental para uma abordagem clínica eficaz.
Como identificar arqueias na microbiota intestinal?
A identificação das arqueias na microbiota intestinal pode ser feita através do sequenciamento de DNA das fezes, pelo exame PRObiome Plus. Essa informação pode então ser correlacionada com os dados clínicos, auxiliando na conduta personalizada dos pacientes.
As arqueias são uma parte intrigante e pouco explorada do microbioma humano. Embora sua função exata no trato gastrointestinal ainda esteja sendo estudada, evidências sugerem que elas desempenham um papel importante na digestão, metabolismo e saúde intestinal. Com o avanço das pesquisas, poderemos entender melhor como modular a presença dessas arqueias para beneficiar a saúde digestiva e geral.
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Referências:
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Hoegenauer, C., Hammer, H.F., Mahnert, A. et al. Methanogenic archaea in the human gastrointestinal tract. Nat Rev Gastroenterol Hepatol 19, 805–813 (2022). https://doi.org/10.1038/s41575-022-00673-z